terça-feira, 7 de abril de 2015

Hora de mudança

Já cheguei no fundo do poço várias vezes, experiencias horríveis, acreditem. Quando cheguei ao fundo do poço espiritualmente falando, foi uma das piores épocas da minha vida, cheguei ao ponto de perder a consciencia e memória, tentando suicidio pela segunda vez na vida. Foram momentos como esse que me possibiliram ver que a vida está sempre com novas oportunidades. Eu me arrependeria amargamente se minha tentativa de suicidio tivesse sucesso, pois hoje eu vejo que aquele momento era apenas um momento, ruim, péssimo e que eu estava olhando para a porta fechada. No momento em que eu a abri, tudo mudou.
Vou levar essa experiencia comigo para sempre, e acho que me sinto na propriedade de afirmar que posso mudar meu jeito de ver a vida quando o assunto é bulimia e auto estima. As duas coisas são unha e carne, vivem juntas, ninguém que tem bulimia é auto confiante, geralmente a bulimia desencadeia a depressão, como foi meu caso, também pode vir com a auto mutilação e a vontade de sumir, morrer e desaparecer. Meninas e meninos, já passei por isso tudo. Já teve épocas em que no calor eu tinha de andar com blusa de frio, pois meus braços estavam sangrando e com cortes profundos, isso foi em meados de 2011 a 2012.
Deus nos deu a vida, nos emprestou esse corpo físico. Eu creio que nossa alma é imortal, creio em vida após a morte, e creio que Deus nos ama incondicionalmente, então acho lógico que maltratar a nós mesmos é ferir os princípios divinos. Sou espírita desde o nascimento, e é nesta religião que encontro as respostas que tanto preciso. Respeito todas as religiões, mas me encontro no espiritismo, pois ele une ciencia e teologia, e isso é fantástico.
Estou com 23 anos e 11 meses, praticamente 24, praticamente 1/4 de século de vida e estou no processo de amadurecimento. Muitas meninas amadurecem mais cedo, mas eu precisei passar por muitas coisas na vida para começar a pensar antes de agir e dar valor na minha existencia. Tudo na minha vida ocorreu no tempo certo, namorei no tempo certo, estudei no tempo certo e fui trabalhar no meu tempo, nunca fiz questão de adiantar nada na minha vida. Quero dizer, brinquei de boneca até quando tive vontade, isso é, até meus 15 anos, pasmem! Mas era o que eu sentia vontade, era o que me fazia feliz.
Foi nessa fase que comecei a entender o que acontecia comigo, que eu sofria de bulimia. Comecei a vomitar com 12 anos, não era frequente, não era com intuito de emagrecer, eu era criança e não sabia o que estava fazendo, achava que era legal. Com 16 eu comecei a ficar anorexica, arranjei uma amiga que tinha anorexia e ela me mostrou um mundo "mágico" onde ser magra era a coisa mais importante da vida. Eu comecei a fazer dietas e emagreci incríveis dez quilos em um mês! Comecei a receber elogios e minha vida começou a tomar outros rumos. Com 18 anos e a pressão do vestibular, minha vida estava em um momento de decisão, engordei e a bulimia era muito frequente. Se fez frequente até hoje e foi nesta idade que assumi ter transtorno alimentar, bulimia. Não me considero anoréxica, apesar de ter tido anorexia duas vezes, cheguei a pesar 45 kg, tenho 1,65m, minha menstruação havia parado e eu tinha sérios outros problemas que não vem ao caso.
Acumulo uma ansiedade que não cabe no gibi, eu sofri abuso sexual aos 10 anos de idade, foi uma vizinha que abusava de mim. Meu transtorno alimentar tem muito a ver com isso, não consigo me perdoar, mas hoje eu sei que eu era uma criança e não sabia o que estavam fazendo comigo. Tenho dificuldades em me aceitar como adulta, não quero ser atraente pra ninguém. Tenho dificuldades em me relacionar sexualmente, essas coisas me ferem, me remetem ao passado.
Faço terapia e minha psicologa afirmou que minha bulimia teve origem neste fato, mas que eu não sabia que se originava ali. É a primeira vez que falo disso para outras pessoas.
Eu estou desempregada, fizeram uma sacanagem comigo e me tiraram do meu emprego, que tanto me fazia bem. Mas creio que foi mais uma vez uma forma de aprendizado. Estou há dois meses em casa, sem muito o que fazer, então minha mente trabalha a toda hora. Pensamentos vão e vem. Estou pensando em me aceitar como sou, com quilos a mais, me amar mesmo assim, afinal qual é o problema em ser assim?
Se eu não gosto da minha vida como está, reclamo e não mudo, não faz sentido. Então, vou tomar outras decisões, vou fazer diferente, para obter resultados diferentes. Isso é bem lógico né?
Em relação ao regime, eu estou comendo bastante, estou muito ansiosa. Preciso ocupar meu tempo, ser produtiva. É uma droga se sentir inútil.
Eu troquei minha medicação, tomava venlafaxina, agora tomo o bup, bupropiona. Meu humor mudou bastante, me devolveu a vontade de viver. Hoje passei por um episódio que me deixou muito furiosa, acabei descontando na comida e tive uma crise bulimica, tomei laxantes e diuréticos. Sei que isso é errado, of course. Mas quero a partir de agora ser mais consciente e arcar com as consequencias dos fatos que acontecem na minha vida.
Voltei a tomar sibutramina, estou bem pesada, acho que com 63 kg, então tenho 2 caixas, 60 dias para perder pelo menos dez quilos. Espero conseguir!
Obrigada se voce chegou até aqui e leu tudo! Deixem o endereço do blog de voces nos comentários, vou ter o prazer de ler.
Beijos meninas e meninos, que nossa semana seja abençoada. Contem comigo!

2 comentários:

  1. A melhor coisa que podemos fazer é admitirmos para nós mesmos nossos problemas, e ao mesmo tempo uma das mais difíceis.Concordo em relação a bulimia e a falta de auto estima, uma segurança enorme ronda a cabeça por quase tempo integral...Mas fico sinceramente feliz de você querer mudar isso tudo, saber que tem o seu tempo certo.Fico meio preocupada em relação a sibutramina que aumenta o risco de doenças cardiovasculares, mas se eu tivesse aqui do meu lado, pode ter certeza que eu tomaria...Ah e sobre as dificuldades de se relacionar sexualmente, isso é super comum em transtornos alimentares, passo por isso também...

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  2. Aceitar a si mesma é a melhor coisa que você poderá fazer, ser saudável, talvez isso te ajude a ser magra de verdade e sem fazer nenhum absurdo.
    Todos temos fases que chegamos ao final do poço mas temos que tomar impulso e ir para cima de novo, talvez a sua fase no fundo tenho durado mais do que o normal, mas tenho certeza que com a dor, nós aprendemos, e assim poderá chegar ao topo.
    Força sempre!
    Beijos, Queen.
    http://perfeicaoanaemia.blogspot.com.br/

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